No nosso 26º episódio do Omenscast, o médico urologista João Brunhara vai falar um pouco sobre o ápice do prazer sexual: o orgasmo.
Seja bem-vindo ao blog da Omens e fique à vontade para ouvir o nosso podcast! A transcrição do áudio também está logo abaixo.
Se você chegou aqui, você quer saber mais sobre uma coisa que apesar de natural, ainda envolve mistério para muita gente. Apesar de ser mais desconhecido para pessoas que estão no começo da vida sexual, o orgasmo tem muitas nuances e detalhes… E, sendo assim, é difícil alguém poder afirmar que já sabe tudo sobre ele.
Vamos falar desde coisas mais básicas, como o que é o orgasmo e como ter orgasmos, até temas mais controversos como a classificação dos tipos de orgasmo – sobretudo no feminino.
Eu sou João Brunhara, médico urologista, e esse é o podcast da Omens sobre saúde sexual masculina.
Talvez você nunca tenha parado para pensar o que é o orgasmo exatamente. Mas, então, vamos lá: é uma sensação que ocorre no ponto máximo de intensidade da excitação sexual, o ápice. E é também o ponto após o qual a excitação cai bastante – entrando no chamado período refratário.
Por sinal, esse período refratário existe tanto nos homens quanto nas mulheres. Mas, enquanto para os homens o período é bem mais longo, para as mulheres ele pode ser bastante curto, o que facilita manter a excitação e chegar aos tão desejados orgasmos múltiplos.
Prazer além dos orgasmos
Repare que eu não falei que o orgasmo é simplesmente o prazer da relação sexual, o que é uma concepção bem equivocada… Afinal de contas, a relação é para ser prazerosa como um todo, e não só na hora do orgasmo. E, além disso, algumas vezes o orgasmo nem é tão intenso e nem tão prazeroso assim.
Por isso mesmo precisamos desmistificar essa ideia de que o sexo é uma corrida pelo orgasmo e que quanto mais orgasmos (e mais rápido) melhor. Por esse tipo de pensamento, o sexo sem orgasmo é uma “falha”, e só o sexo com orgasmo cumpriria seu objetivo.
Na verdade, o foco deve ser experimentar prazer em cada toque e cada etapa do sexo, e o orgasmo pode ser uma consequência bastante prazerosa dessa experiência, mas não a única.
Claro que é muito legal que as 2 pessoas na relação tenham orgasmos, mas isso não deve ser uma obsessão – o que nem faz muito sentido na verdade.
Mulheres têm menos orgasmos?
Mas também precisamos falar de uma de uma realidade bem frustrante na quantidade de orgasmos das mulheres heterossexuais. Se você que está ouvindo é uma mulher que se relaciona com homens e não tem orgasmos com frequência, você não está sozinha…
Segundo uma pesquisa nos Estados Unidos, enquanto apenas ⅔ das mulheres heterosseuxais têm orgasmos com frequência, a taxa entre lésbicas, homens gays ou homens héteros é ao redor de 90% para cada um desses grupos. Ou seja, as mulheres que se relacionam com homens têm bem menos orgasmos do que todas outras pessoas sexualmente ativas.
Isso quer dizer que algo está faltando para os homens na hora do sexo… Seja se esforçar mais para conhecer o que excita a sua parceira, seja caprichar em estimulações com as mãos ou no sexo oral. Até porque, como vamos falar daqui a pouco, a grande estrela do orgasmo feminino é o clitóris, e ele precisa ser procurado e estimulado com dedicação.
O orgasmo feminino
E, então, como é o orgasmo feminino? Sabemos que ele pode ter intensidades diferentes, desde fraco até muito forte, e pode ser causado pela estimulação de partes diferentes do corpo.
A classificação dos orgasmos de acordo com tipo de estimulação é controversa, principalmente porque os supostos tipos de orgasmo não são necessariamente diferentes na essência deles; podem ser provocados por estímulos diferentes, mas não quer dizer, por exemplo, que o orgasmo vaginal e o clitoriano necessariamente são sensações de natureza diferente.
Inclusive, não existe uma correlação entre a intensidade do orgasmo e o tipo de estimulação que causou ele – por exemplo do clitóris, ponto G ou outros. Por sinal, as pesquisas mostram que são outros os fatores que causam orgasmos melhores e mais intensos nas mulheres; eles são: maior tempo de preliminares, mudar posições e intensidades, adiando o orgasmo, maior intimidade com o parceiro ou parceira e estímulos concomitantes nos seios e mamilos. Ou seja, são fatores que não ficam atrelados a um tipo específico de orgasmo.
Mas já que vamos falar dos tipos de orgasmo feminino, aqui vão as diferentes estimulações que podem levar ao clímax:
Tipos de orgasmo feminino
- orgasmo clitoriano,
- o vaginal profundo,
- do ponto G (que fica dentro da vagina, mas numa parte superficial),
- do ponto U (que é a uretra),
- o orgasmo anal
- e o mamário (estimulando os seios).
Mas a complexidade é a seguinte: cada um desses orgasmos leva a uma sensação que, como falamos, não é necessariamente de natureza diferente uma da outra. E, por sinal, eles podem estar misturados, por exemplo: durante uma penetração, existe sim a estimulação da vagina, mas o clitóris também fica estimulado indiretamente.
Então, não é tão fácil individualizar os componentes do orgasmo. Além disso, pessoas diferentes podem se excitar pela estimulação de outras áreas do corpo que nem mencionei aqui, afinal é algo muito pessoal.
E fica aqui um esclarecimento necessário: todo orgasmo é uma sensação vinda do cérebro, e os estímulos servem apenas para ajudar a chegar lá. Ou seja, se o clima não estiver legal, a pessoa não estiver confortável e à vontade, não vai rolar.
E isso também significa que cada pessoa precisa conhecer os seus próprios caminhos de excitação para chegar ao orgasmo, em vez de ser algo que depende só do que o parceiro ou parceira faz.
Uma outra dica importante, agora para os homens: apenas um quinto das mulheres afirma conseguir ter um orgasmo apenas com estimulação vaginal; ou seja, a grande maioria das mulheres precisam de estimulação em outras áreas, principalmente o clitóris, com as mãos e no sexo oral. Não é à toa que eu falei que o clitóris é a grande estrela do orgasmo feminino.
E agora respondendo a uma pergunta que muitos homens fazem para nós:
Como saber se a mulher teve um orgasmo?
Na maioria das vezes, as mulheres têm espasmos, que são contrações involuntárias dos músculos, então pode ocorrer uma contração do abdome, das pernas e da pelve. Elas podem também contrair os músculos da vagina. Porém, essa contração pode ser mais intensa e perceptível em algumas mulheres e em outras menos, e também pode oscilar de acordo com a intensidade do orgasmo.
Um outro sinal perceptível é a respiração acelerada e ofegante.
E, quando o orgasmo finalmente chega, pode acontecer uma expressão de alívio ou relaxamento – algumas mulheres chegam a dar risada logo depois.
Mas vamos lembrar que esses sinais variam de pessoa para pessoa.
O orgasmo masculino
Se o orgasmo masculino não é tão complexo quanto o feminino, ainda assim ele é dividido em alguns tipos diferentes. Primeiro, o chamado orgasmo tradicional, que ocorre através da estimulação do pênis e vem acompanhado da ejaculação, ou seja, da liberação de esperma pela uretra.
Depois do orgasmo, o homem perde a ereção e entra num período refratário até atingir excitação para uma próxima relação – sendo que esse tempo varia bastante de pessoa para pessoa e também de acordo com o dia.
Mas existe também uma possibilidade de orgasmo seco, ou seja, sem ejaculação. O orgasmo seco pode acontecer por alguma doença da próstata como crescimento benigno, em consequência de uma cirurgia ou medicação. Mas ele também pode ocorrer numa situação especial em que o homem consegue contrair os músculos perineais e controlar o reflexo da ejaculação. Essa situação depende de treinamento bem específico e é relatada em algumas culturas asiáticas. Teoricamente, em consequência de atingir essa dissociação entre orgasmo e ejaculação, essa técnica pode levar a orgasmos múltiplos masculinos (pois é, você achou que isso não existia né?).
E, por fim, mas não menos importante, existe o orgasmo masculino atingido através da estimulação da próstata, o orgasmo prostático. Esse tipo pode ser bastante intenso, e ele é causado pela estimulação do chamado ponto G masculino, que é bastante sensível, e que fica justamente na próstata e pode ser alcançado através do ânus. Além disso, a própria estimulação do ânus através da penetração com o pênis, dedo ou algum brinquedo pode trazer sensações prazerosas.
Conclusão
Resumindo: o orgasmo é um tema bem complexo, e poderíamos ficar horas falando sobre vários aspectos. Mas a mensagem mais importante é sempre prestar atenção no que agrada a sua parceira ou parceiro e se dedicar para que ambos tenham uma relação prazerosa. E, se isso ocorrer com vários orgasmos, melhor ainda.
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Depois de bater cabeça por ANOS, a autoestima e o relacionamento só ladeira abaixo, consegui resolver o meu problema! Médico especializado em ejaculação precoce é outra história: me passou um tratamento com técnica comportamental e medicação. Com foco e paciência, hoje eu já tô durando 3x mais!
— Thiago B., 28 anos
CONHEÇA A SUA SOLUÇÃOReferências
- Arquivos sobre comportamento sexual, Jan., 47(1):273-288 (2018). Diferença na frequência de orgasmos entre gays, lésbicas, bissexuais e homens e mulheres heterossexuais.
- Jornal de terapia sexual e de casais, Fev., 17;44(2):201-212 (2018). As experiências de mulheres com carícias genitais, prazer sexual e orgasmo.
- Revista de medicina sexual, volume 13, capítulo 6, jun. (2016). Orgasmo e o prazer feminino.
Eu sou homem e nunca senti um orgasmo como fazer para ter vários em uma relação sexual.