Utilizar a internet para a sexualidade é muito comum: pornografia, vídeos pela webcam, encontros virtuais, etc.. Embora a utilização moderada não pareça ter efeitos negativos na sexualidade (pelo contrário), o consumo excessivo de pornografia pode ter muitas repercussões. Dentre eles existem fatores psicológicos (evitar relações muito íntimas) e sintomas depressivos, além da sua influência sobre a realidade sexual das pessoas.
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A pergunta que devemos fazer: qual é o lugar da pornografia na nossa sociedade?
Como relatado num estudo de 2017, a sexualidade (e particularmente a pornografia) ocupam um lugar importante nos mecanismos de busca (lê-se Google): as procuras relacionadas ao sexo estão entre as mais frequentes na rede.
E, por uma boa razão: a oferta é diversa, na maioria das vezes gratuita, por conteúdos acessíveis e rápidos 24 horas por dia.
Além disso, quem consome esse conteúdo pode ter a impressão de estar sozinho em frente à tela. Assim, encoraja-se ainda mais o consumo de pornografia.
A internet aumentou, então, o acesso à pornografia e a ilusão do anonimato.
A sexualidade na internet
Existem muitas práticas orientadas para o sexo na internet.
Podemos, portanto, identificar comportamentos muito diferentes, dependendo da experiência ou interação. Por exemplo: ver pornografia sozinho ou em grupo, em chats, webcams, sites de encontros e apps, realidade sexual virtual, jogos de videogame…
A principal motivação para essas práticas é provavelmente a busca pela excitação sexual ou por informação sobre a própria sexualidade.
Isso tudo é perigoso?
Essa disponibilidade que existe na internet não é, por si só, realmente ruim. Ela pode até mesmo ajudar na comunicação e na interação sexual entre as pessoas, promovendo assim o conhecimento sexual.
Mas, segundo outros estudos recentes, parece que uma parte da população é viciada nessas práticas virtuais. No entanto, ainda é difícil definir uma norma ou medida precisa para esses vícios.
Certamente a sexualidade e a constatação da dependência sexual estão sujeitas aos valores morais, atrasando estudos e o aparecimento de medidas ou definições claras. A definição de uma norma de acordo com as práticas ou frequência permanece, aliás, bastante subjetiva.
Entretanto, podemos confiar em numerosos estudos que demonstraram a influência negativa das dependências em geral (jogos de videogame, apostas esportivas – para não mencionar as dependências químicas, claro…), todas elas nocivas à saúde.
Podemos, então, prever com bastante certeza que uma dependência pela pornografia tem uma série de consequências negativas para o indivíduo.
Masturbação: quando o prazer vira compulsão? [Omenscast #33]
No nosso 33º episódio do Omenscast, o médico urologista João Brunhara vai falar sobre o consumo de pornô e a prática da masturbação. Qual o limite entre o saudável e a compulsão? A transcrição do áudio você poderá encontrar aqui.
Como o pornô pode influenciar a sexualidade?
Vamos salientar principalmente a influência negativa do consumo de pornografia quando ela é excessiva: todos os vícios têm um impacto na saúde.
O pornô pode ser problemático se se tornar algo compulsivo e viciante.
Em geral, a pornografia transmite uma certa objetificação do corpo, que é despersonalizado e muito frequentemente desnaturalizado. Vemos principalmente a objetificação da figura feminina, sujeita a comportamentos agressivos e quase sempre em uma posição submissa.
O excesso de consumo pornográfico pode ser associado a um distanciamento da realidade, de si mesmo – uma forma de escapar do mundo real.
Dessa forma, as nossas práticas acabam se adaptando e mudando: elas passam a tentar refletir o aspecto comercial vendido pela pornografia.
Esse meio visual pornográfico reforça mesmo os impulsos voyeurísticos ou exibicionistas dos espectadores.
Mas ele reflete também um certo número de fantasias inconscientes que a pessoa não reconhece ou não assume. Na internet, o indivíduo, com o poder do anonimato virtual, dá livre curso aos seus impulsos. A fronteira entre esse virtual e o real fica, então, muito tênue e a influência da pornografia atinge as práticas dos consumidores desse tipo de conteúdo.
Entre as imagens inevitavelmente produzidas pela pornografia, encontramos a venereção ao falo, representando o poder, a dominação exercida pelos homens sobre as mulheres – além disso, encontramos bastante violência.
Outras consequências do pornografia em excesso
As consequências ocorrem após uma utilização repetida e excessiva.
Por exemplo, a pornografia pode levar a problemas emocionais (depressão, culpa, vergonha, etc.), problemas de relação (isolamento social), problemas profissionais ou acadêmicos (menor produtividade ou diminuição geral do desempenho, etc.).
Mas também afeta a sexualidade: disfunção erétil, problemas de desejo… A pornografia pode até mesmo levar à infidelidade ou à perda de interesse nas relações sexuais reais.
Além disso, essa utilização problemática responde frequentemente à necessidade de “aquietar” obsessões ou fantasias, emoções (raiva, medo, tédio, etc.) ou necessidades físicas (excitação sexual).
Fora isso, parece que, entre os jovens, a pornografia encoraja expectativas irrealistas a cerca da sexualidade ou das práticas sexuais.
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Como saber se sou viciado em pornografia?
A comunidade científica ainda debate muito sobre essa questão.
Isso porque o comportamento sexual considerado problemático pode ser definido de várias formas: vício, dependência, compulsão, impulsividade, desejo sexual hiperativo…
Quando se trata da utilização problemática da pornografia, o debate é mais frequentemente entre a definição de vício e a de distúrbio sexual.
Os sintomas ligados ao uso excessivo da pornografia são muitas vezes idênticos aos dos vícios comportamentais: dificuldade em se controlar, consequências negativas no bom funcionamento da própria vida privada e pública. Muitas vezes, a pessoa recorre à pornografia da mesma forma como recorre a um outro vício qualquer: cigarro, jogos de azar, álcool, enfim… Trata-se de um comportamento compulsivo, que ocorre de forma automática e quase que inconsciente, e que muitas vezes cumpre o papel de atenuar ansiedade ou outras angústias
Uma hipersexualidade pode também estar ligada ao consumo excessivo da pornografia, mas também à masturbação, a conversas sexuais na internet, à busca incessante por encontros sexuais em diversos contextos, etc..
A partir do momento em que essas práticas ficam repetidas, excessivas ou atrapalham a vida do indivíduo, que não pode deixar de praticá-las, falamos mais frequentemente de um desejo sexual hiperativo (ou apenas hipersexualidade).
O indivíduo então se excita apenas por tais comportamentos sexuais. Isso geralmente provoca sofrimento nela e nas pessoas do seu círculo social, e um certo número de comportamentos podem até se tornar perigosos.
Como sair do vício em pornografia? [Vídeo]
Quase todo homem já assistiu um filme pornô. Mas e quando vira vício? Existem efeitos da pornografia na sua sexualidade, principalmente hoje, com acesso fácil a esses filmes, que facilita o vício em pornô. Sim, isso pode acontecer, pode trazer culpa e até mesmo problemas na cama, por tudo que é representado na indústria audiovisual pornográfica. Nesse vídeo, trouxemos algumas dicas de como identificar um possível vício nesses tipos de vídeos, como se livrar da pornografia e dos malefícios dela.
Como parar de consumir pornografia?
Existem vários “tratamentos” que assumem a forma de uma abordagem cognitiva e comportamental. Dentre as abordagens possíveis, temos, por exemplo:
- colocar o próprio computador apenas em espaços comuns
- instalar software de controle parental (inclusive em smartphones)
- limitar a quantidade de tempo que se passa online
- pedir ajuda a alguém de confiança
Em segundo lugar, é preciso encontrar formas saudáveis de viver com a internet, em vez da abstinência total. Um especialista em saúde sexual poderá ajudar você a identificar comportamentos sexuais problemáticos e os seus mecanismos (pensamentos, situações, estímulos, etc.).
De qualquer forma, é necessário se conscientizar para avançar na recuperação. Consulte um especialista em saúde sexual para obter ajuda.
Conclusão
A pornografia com um consumo moderado pode não ser um problema em si.
Mas se ela se tornar algo excessivo e repetido (e gradualmente se tornar um vício), trará consequências graves à vida da pessoa.
É possível ver pornografia ocasionalmente sem ser influenciado por ela, mas a linha é rapidamente ultrapassada quando ela altera o comportamento sexual e outras coisas.
Se sentir que está perdendo o controle e que está tendo um impacto negativo na sua vida causado pela pornografia, procure o atendimento de um profissional capacitado.
#NoFapSeptember vale a pena? [Vídeo]
Você conhece o movimento No Fap? É um movimento em relação à masturbação masculina, que consiste em ficar um mês sem se masturbar, geralmente no mês de setembro – por isso chamamos de No Fap September. Mas, afinal, fazer isso traz benefícios reais? O movimento se baseia em crenças de que a masturbação faz mal. Outros acreditam que é uma forma de ajudar aqueles que querem saber como parar de se masturbar, até para quem sofre com vício em masturbação. Mas será que é verdade? Nesse vídeo vamos falar tudo o que você precisa saber sobre o movimento No Fap Brasil.
Fontes
- Carolina Parreiras – Cadernos Pagu, no.38, Campinas (2012). Altporn, corpos, categorias e cliques: notas etnográficas sobre pornografia online.
- Lylla Cysne Frota D’Abreu – Psicologia & Sociedade, vol.25, no.3, Belo Horizonte (2013). Pornografia, desigualdade de gênero e agressão sexual contra mulheres.
- Psicologia: Reflexão e Crítica, vol.23, no.2, Porto Alegre (2010). Debates feministas sobre pornografia heteronormativa: estéticas e ideologias da sexualização.
A pornografia não é boa pós ela nos leva a cultivar hábitos e práticas sexuais que na realidade não passam de utopia e trás consigo diversas desvantagens como: baixo rendimento escolar, sentimento de inutilidade, nos faz ficarmos longe de Jeová Deus nosso criador e trás muitas das vezes tristeza e arrependimento após assistir um vídeo e se não controlada ela pode nos limitar na prática do sexo real.
Pornografia não é bom