O ressecamento vaginal está muitas vezes relacionado a uma desordem ligada à excitação ou a uma redução das sensações pela menopausa (deficiência de estrogênio) – ou ainda devido a fatores psicológicos.
Índice
Causas neurovasculares e biológicas do ressecamento vaginal
A circulação sanguínea na região da pelve e do períneo é, sobretudo, a responsável pela lubrificação vaginal, o que requer terminações nervosas e vasculares normais para ocorrer de forma correta.
Para uma boa lubrificação, a situação hormonal também deve ser boa. Os principais neurotransmissores envolvidos na excitação física e cerebral (e no desejo sexual) são a dopamina, a oxitocina e a serotonina.
Causas cardiovasculares
A insuficiência venosa vaginal pode ser a causa do ressecamento íntimo (vaginal e clitorial), embora haja normalmente muitas outras causas associadas.
Além disso, a longo prazo, essa insuficiência venosa pode causar fibrose (um aumento anormal da quantidade de tecido) no interior da vagina e uma redução da lubrificação.
Causas neurológicas
Uma disfunção do sistema nervoso pode levar a uma falta de resposta sexual e, portanto, de lubrificação da vagina e do clitóris.
Às vezes, uma cirurgia na área da pelve pode ser a causa.
Causas endócrinas
Carência de estrogênio
A deficiência de estrogênio pode levar a uma redução do fluxo sanguíneo em direção à vagina e, portanto, levar também a problemas na lubrificação, se a carência persistir.
O estrogênio é responsável pelo desejo sexual ou excitação e pela lubrificação.
Por isso que a menopausa pode provocar uma redução do desejo, da excitação e da lubrificação.
Tal como no caso dos homens, a idade é frequentemente um fator importante na disfunção sexual.
O papel dos músculos pélvicos
Os músculos do assoalho pélvico também desempenham um papel importante na resposta do órgão sexual feminino, já que eles entram em contato durante a relação sexual e ajudam na excitação.
A deterioração desses músculos é, com frequência, a causa de problemas sexuais femininos.
Causas infecciosas
Doenças infecciosas, tais como infecções urinárias ou vaginais, causam estresse, dor, possíveis infecções fúngicas e, às vezes, também desencadeiam alterações na excitação.
Doenças crônicas e tratamentos
Por fim, as doenças crônicas: o câncer, bem como o seu tratamento, tem um forte impacto sobre a sexualidade.
Dentre as doenças crônicas que afetam a sexualidade feminina, temos também, por exemplo: o reumatismo, a dor crônica, as consequências de uma cirurgia…
No que diz respeito aos tratamentos, sabemos que a quimioterapia altera a boa lubrificação da vagina, assim como os medicamentos psicotrópicos (principalmente os antidepressivos), etc..
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Causas psicológicas do ressecamento vaginal
Causas pessoais
O problema pode ter razões pessoais.
Certamente, para haver excitação e lubrificação, a mulher deve desejar o(a) parceiro(a).
As experiências sexuais anteriores de uma mulher também interferem na sua percepção atual das relações sexuais. Se a sua experiência passada for negativa, há uma boa chance de que ela desenvolva dificuldades de excitação.
Existem situações psicológicas que têm um forte impacto sobre a sexualidade, das quais podemos citar:
- antecedentes de agressões sexuais;
- abandono durante a infância;
- experiências negativas durante a puberdade.
- estresse;
- ansiedade generalizada: envolvendo a si mesma, o(a) parceiro(a), o risco de uma gravidez indesejada, a busca pelo orgasmo, etc.;
- enfim, a depressão, que também pode levar a alterações de desejo e excitação;
- personalidade: uma baixa autoestima, por exemplo, tem grande impacto na percepção da mulher da própria sexualidade; por outro lado, uma personalidade muito “perfeccionista” também pode trazer problemas nesse momento, já que poderá existir uma dificuldade em relaxar;
- por fim, vale lembrar que a educação sexual também é importante, especialmente durante a adolescência, para prevenir esse tipo de reação.
Causas ligadas ao relacionamento
A relação com o(a) parceiro(a) é um fator essencial na sexualidade.
Um relacionamento ruim irá muitas vezes causar problemas na hora da excitação, mas não só isso: um(a) parceiro(a) com problemas também pode afetar a visão e o desejo sexual da pessoa.
A disfunção erétil nos homens ou a ejaculação precoce, por exemplo, podem interferir na excitação feminina.
Em geral, a estimulação sexual adequada depende da mulher, da sua idade, do ambiente e de outros fatores emocionais e psicológicos – tudo isso influencia a excitação sexual e o desejo feminino.
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Diagnóstico
O diagnóstico de ressecamento vaginal deve ser diferenciado de outros problemas de excitação, desejo ou orgasmo feminino.
É difícil descrever as motivações exatas para a alteração porque ela depende de muitos fatores.
Perguntas a serem feitas à paciente
É importante para uma mulher sempre procurar ajuda para diagnosticar problemas de excitação sexual. Para algumas causas psicológicas, o parceiro também pode estar presente durante a consulta com um terapeuta.
O psicólogo tentará identificar se o ressecamento vaginal é um episódio recente ou se aconteceu há muito tempo, em que contexto ocorreu, e analisará o aspecto geral da relação, se a mulher estiver em um relacionamento.
Exame ginecológico
Um exame ginecológico é essencial, em particular para avaliar os músculos do assoalho pélvico ou identificar se a paciente sofre de alguma infecção, vaginite ou cicatrizes pós-operatórias.
Também é possível realizar um exame de sangue para verificar possíveis alterações hormonais.
Conclusão
No caso de traumas ou experiências sexuais negativas, é importante não viver sozinha com essa ferida.
Há muitos especialistas competentes que podem fornecer apoio e as melhores orientações para esses casos.
Além disso, a idade não poupa ninguém, não trate um episódio de ressecamento vaginal como algo terrível. O corpo muda e isso é normal.
Existem soluções para o problema, e a melhor arma contra ele pode ser o diálogo.
Referências
- Anita Schertel Cassiano, Sofia Bezerra, Sara Kvitko de Moura, Lucas Schreiner, Thaís G. dos Santos. Impacto das disfunções do assoalho pélvico na sexualidade feminina.
- Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, vol.27 no.1 Rio de Janeiro Jan. 2005. Fatores indicadores da sintomatologia climatérica.
- Karine L. Casto, Lara C. Buson, Mariana F. Sant’Ana. Grace and Frankie: reflexões sobre a sexualidade feminina no envelhecimento.